AS PÉTALAS E AS RAÍZES
As pétalas ... das flores!
Oh! Vã e inútil a que em tal grau te glorias
Quanta tolice, meu Deus!
(pelo que s'esgotará em tão curto prazo)
E na soberba de suas formas a que cegamente te apegas...
Ai! Que pena! nem se lembrará que logo daqui irá embora
E murcharão... e secarão... e cairão... mortas
Ao vento que as levará... para bem longe
E assim eis que insensatamente se ostentam
(pela graça e forma ... que não lhe pertencem)
Ao qu’elevado ante aos demais se ver então desejavam
Qual Narciso a s'exibir e se degustar frente aos espelhos deste tempo
Ou qu'é pior, a se alardear ante os que lhe faltam seus adornos
Quanta imaturidade, ó céus!
E desta maneira são tantos!
Mas não elas... as raízes... das flores!
Ah! As raízes... escondidas a que são... no útero de seu solo
No âmago de nossa terra
Oh! não s'exibem, não se pavoneiam!
Mas, faltar-lhe-iam, pois a vaidade... das pétalas?
Sei lá!
As raízes!
Não! não encantam os olhos... turvos e discriminativos
(dos qu'escolhem ver tão somente... o que querem e lhes agrada)
Todavia, pouca ou nenhuma importância dão para eles
Preferem o anonimato da visão alheia
(que, por sinal, não "sabem" ver... nada)
Contra a tolice de roubar para si a glória efêmera do mundo
(a que tanto se alardeiam as pétalas das flores)
Ai! Não as saberiam que se pomposas são, somente tal se deve
à vitalidade das não tão encantadoras raízes?
Daquelas que ocultas s'encontram no íntimo da terra
E do coração da generosa terra se alimentam
E nutrem todo o resto de seu corpo:
As visíveis flores... admiradas a que s'estão... acima da terra!
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12 de junho de 2019