Carta para um poeta ( traído)
Caro poeta,
louvável a sua postura diante do ocorrido. Aproveito para te esclarecer que não ouve traição na relação conjugal.
A outra pessoa pode, em terminado o sentimento, dizer que a partir dali irá por outro caminho;
Somos livres para escolhermos a pessoa e o caminho a percorrer;
Se a sua indignação foi por não ter sido avisado, entenda: é uma questão de princípios, de maturidade;
Nesse aspecto te afirmo: as pessoas traem a si mesmas;
A pobreza está com elas.
Ainda assim avisando ou não, tem o direito de seguir.(daí a minha admiração por você).
Homens que, em se sentindo abandonado por não entender esse princípio, são homens infantis: agridem, pois são agredidos em si mesmos; São crianças mimadas, que nunca ouviram um não.
As mulheres são seres surpreendentes.
O universo contém destinos;
Há tanta gente só, caminhando, esperando companhia, que agridir uma pessoa, ou se agridir por medo da solidão, é lamentável;
O homem é um ser racional, feito à semelhança do Pai; Portanto, amigo, se foi traído, silêncie profundamente, absorva o ar da manhã e vá, assim como os pássaros, buscar outro ninho, quiçá outra experiência ou uma rede para meditar...
Poeta, lamentável e intolerável é um ex-companheiro agredir para querer estar; Incompreensível é uma questão de espaço: se não me cabe, vou buscar outro lugar (o espaço é infinito). Dizer "não aceito, eu vou ficar você queira ou não!" é patológico, só a psiquiatria resolve.
Todos temos direito às artes, ouvir um poema, uma música , dançar, interagir... a vida é bela.
As mulheres são seres surpreendentes, mesmo na despedida...