Carta aberta!
Queridos, Milfa Valério e João Lopes,
Quando afirmo ser medíocre e miserável, não estou buscando nenhum reconhecimento e nem se trata de retórica para confetes!
Tenho um metro e setenta de altura, não são 2 metros e nem um metro e sessenta;
Não consigo ver acima. Para visualizar além terei que subir em uma escada e me alongar. A minha altura fala de mim. Medíocre no tamanho e na forma de escrever poema.
Por mais que me esforce, não consigo estabelecer vínculos com a genialidade dos poetas, tais como: Castro Alves (“Óh! Bendito o que semeia livros à mão cheia; E manda o povo a pensar!”); Manuel Bandeira (“Vou-me embora pra Pasárgada; Lá sou amigo do rei.”); Adélia Prado (“Há dentro de mim uma paisagem entre meio-dia e duas horas da tarde.”); Fernando Pessoa (“Navegar é preciso, viver não é preciso.”); Mario Quintana (“O tempo é quase Jesus Cristo: Olhai os lírios do campo.”).
Me perdoem, não há distância entre nós, digo, entre mim e eles;
Há, sim, um espaço inatingível, incomparável, impossível de ser superado;
Sou poeta, sei, mas assumir a minha mediocridade diante desses gênios é um elogio que me faço.
Thiago de Mello, Catulo da Paixão, Cecília Meireles, as bem-aventuranças de Jesus...
Deixarei esquecido Pablo Neruda, Alan Põe, Vinícius de Moraes, Cora Coralina, Drumond de Andrade...
Um miserável, sou e o tenho vergonha de dizer, mas vou confessar:
Passo a noite nas ruas da nossa cidade, vejo pessoas nas calçadas, nas marquises;
Lamento, às vezes levo um cobertor e um alimento, mas nunca fiz o que Tereza de Calcutá fez: levar para a sua casa os miseráveis, os doentes os excluídos;
Aquele corpo franzino e adoentado não pediu, não implorou, não culpou nenhum governo nem regime, simplesmente levava todos para a sua casa como sendo seus, os abraçava como a irmãos.
Albert Scweitzer, o embaixador do humanismo, médico extraordinário.
Irmã Dulce: hoje a igreja a tornou santa para nós baianos, que vimos aquela criaturinha, com a saúde debilitada, carregar os enfermos e mendigos para a sua residência e depois um hospital improvisado;
Dormia em uma cadeira inclinada pela deficiência respiratória;
Me pergunto: quantos doentes eu já tratei ao ponto de levá-los para minha casa? Nenhum.
Nelson Mandela trocou a sua liberdade para libertar uma nação.
Chico Xavier, com o dinheiro dos livros psicografados seria milionário, morreu pobre;
Viveu para a pobreza, na certeza das vidas sucessivas e da importância do amor.
Diante de todos eles, diante dessas vivências, o que dizer?!
E olha que não falei de Maratma Gandh, Martin Luther King, Mãe Helena Vieira e os seus mais de 3.000 partos...
Por favor, amigos, obrigado por não me chamarem na rua e não me apresentarem nos eventos como medíocre e poeta miserável;
Mas tenho absoluta convicção que não preciso de apresentação!!!