NOITES BUCÓLICAS
Na tarde quente canta a cigarra,
Que se agarra à vida, certa da morte.
O vento levará sua carcaça,
Rirá da vida que passa.
À noite festejam os grilos,
Cujos cricrilos anseiam por filhos -
Falhos nesse louvável mister,
Cantarão, dê no que vier.
No brejo canta o sapo,
Bate papo com prováveis rivais,
Os quais também cantam guturais
Canção que se esgarça em fiapos.
Em meio a insetos, anfíbios e aves
Silencio, não incorro em chamamentos -
O tempo forneceu-me as chaves
Que trancam apelos e tormentos.