MENINOS DA SELVA


Vejo um grupo de crianças
O pânico toma conta de mim
Não sei o que estão fazendo
Nem o que vão fazer.

Entro em uma loja
Observo à distância
Algumas cheiram cola
Outras fumam cigarro
Compartilhados entre si.

Ao lado, deitado no chão
Duas crianças em sono profundo
Parecem não estar mais nesse mundo
Fome e miséria, vida de cão.

Ao invés de lápis, estilete
Desenha no chão, um coração
Escreve e corta se preciso for
Marcas na carne de resistência e dor.

Mais adiante, no chão da calçada
Mãe e crianças vivendo do nada
Mãos estendidas em busca do pão
Sofrimento e dor em cada feição.

Gravidezes indesejadas, todas sem programação
Atos irresponsáveis de pais e da Nação
Inocentes punidos e punindo irmãos
Vivendoem guerra, em tempos de exclusão.