Verdades
O espelho mentia
Nele ela sorria
Quando na verdade sangrava
No rosto covinhas
No peito sepultura
Os olhos vibrantes
Eram brilhantes de lágrimas
Pele macia cobrindo
Dores tão duras
Cabelos longos para esconderem
Ou curtos para disfarçarem
Qualquer coisa que desviasse da verdade
Da tristeza que a consumia
Que devorava e feria
Cada réstia de luz de sol
O que era bom e era mal
Mas logo o alívio riscava
Sua amante preferida, a madrugada
Lançava-lhe beijos de brisa gelada
E ela já não sabia
Se chorava ou se sorria
Porque o espelho lhe mentia
Nunca lhe mostrava quem era
Escondia a pessoa atrás da imagem
Até ela pensar que era mentira tudo que acreditara
Idiota invenção, pérola da enganação
Inútil aparato, mostra sempre o lado errado
Reflete corpos e encobre corações
E ela não sabia se chorava ou se sorria
Apenas uma certeza a percorria:
Mesmo que o espelho não mostrasse - sua dor inda doía.