A hipocrisia humana
Eu vi com esses olhos
Que a terra também um dia
Há de comer
Pegarem quadros
Cama e sofá
Rotos sapatos
Geladeira e tv
E até a solitária antena
Carregarem tudo
Todo aquele pobre espólio
Pela casa inteira
Deixando-a vazia
Quem diria?
Filhos e netos
Doces rebentos
Sedentos
Por aquelas tralhas
Repletas de marcas
Dedos da velha
A velha Tereza
Que foi com pressa
Desse mundo vil
Onde te levam
Até as entranhas
Te deixando só
Chão de poeira
Teias de aranha
Então não morra não
Mas se morreres
Vende tudo que tens
Porque o que tens
Eles te tomam
Antes mesmo
Da missa de sétimo dia