Vexame!

Atesto o pretexto de correr ao vento.

Ainda que a massa insista na surdez,

Grito ao ver olhos sedentos e bocas salivantes de veneno.

Choco a claque de hipócrita altivez

Vexame!

Loucos, fantasiados de terno e gravata.

Senhoras, com cintas e vestidos nos joelhos.

Crianças, bem comportadas e dedos cruzados às costas.

E o clero entorpecido de pecados e insensatez.

Vexame!

Pelos trabalhadores suados, exaustos e descrentes;

pelos estudantes carentes de horizonte;

pela segurança que não sabe proteger;

pelos famintos da justiça que os consome.

Vexame!

Desnudamo-nos em protesto por inúmeras necessidades.

Revelem na pele, o que o caráter deles esconde.

A humanidade desumana, que acende tochas onde os corpos ardem.

Destruindo o pequeno orgulho que lhes sustenta a fronte.

Vexame!

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 15/05/2019
Reeditado em 15/05/2019
Código do texto: T6648130
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