Vexame!
Atesto o pretexto de correr ao vento.
Ainda que a massa insista na surdez,
Grito ao ver olhos sedentos e bocas salivantes de veneno.
Choco a claque de hipócrita altivez
Vexame!
Loucos, fantasiados de terno e gravata.
Senhoras, com cintas e vestidos nos joelhos.
Crianças, bem comportadas e dedos cruzados às costas.
E o clero entorpecido de pecados e insensatez.
Vexame!
Pelos trabalhadores suados, exaustos e descrentes;
pelos estudantes carentes de horizonte;
pela segurança que não sabe proteger;
pelos famintos da justiça que os consome.
Vexame!
Desnudamo-nos em protesto por inúmeras necessidades.
Revelem na pele, o que o caráter deles esconde.
A humanidade desumana, que acende tochas onde os corpos ardem.
Destruindo o pequeno orgulho que lhes sustenta a fronte.
Vexame!