Alice
Nem teu pior sonho
Sangra como a dura realidade
De não viver o que se sonha
Tamanha é a vulgaridade
Bisonha e lúgrebe
Da atual sociedade
Através do espelho
Nada é visível
Tampouco nós mesmos
Tudo tão imprevisível
Navegamos a esmo
Tentando encontrar
O que não perdemos
Nos perdendo
Na constante busca
De encontrar a si mesmo
Quem dera existisse
Desaniversário
E o relógio, sem imbrólio
Trabalhasse o contrário
Não temeríamos o passado
E cada falha ou pecado
Quando chegasse a hora,
O dia, seria apagado
Construiríamos novos castelos
Não de cartas, mas reais
Sentimentos mais belos
Sinceros que creais
Olhares mais singelos
Sem querer ser mais
Saberíamos o caminho
Que efetivamente nos servisse
E até o faríamos sozinhos
Se companhia não existisse
Ora! isto é apenas literatura
Que encanta e faz
Por um momento esquecer
Que a vida é muito dura
Mas é preciso reconhecer
Que apesar desta loucura
E da eterna procura de ser feliz
É glorioso e maravilhoso viver.