CICATRIZES TATUADAS - Luiz Poeta
CICATRIZES TATUADAS - Luiz Poeta.
Estou de cansado de aprender o que ensinei,
Com quem tatua fictícias cicatrizes
Na epiderme de um chão que eu nunca trilhei,
Filosofando sobre estradas infelizes.
Sobrevivi e a cada dia, mato um urso
Que sempre tenta devorar os meus encantos,
Caio, levanto, sou tenaz, sigo o percurso
No qual meu sonho acorda ao som dos acalantos.
Quando o poeta que há em mim, torna-se humano,
Busco entender fragilidades parecidas,
Torno-me ator e a cada vez que sobe o pano,
Reinterpreto as solidões de outras feridas.
Voltando a mim, eu me retiro do tablado
E a maquiagem que me dei, não mais é minha,
Volto a seguir o meu caminho...abençoado
E beijo as pétalas da flor que me acarinha.
Com tanta gente que sofre sem sentir dor
E que nem vê a dor alheia que há em volta,
O meu olhar, eternamente sonhador,
Só sente dor, ao perceber tanta revolta.
Pobre de quem hiperboliza o sofrimento,
Buscando alento em quem sofre de verdade...
Que egoísta! Faz o próprio sentimento
Mais infeliz amordaçar a liberdade.
Estou cansado... e quando canso... adormeço
Num sobrevoo sobre as planícies que eu invento...
Com meu corcel alado, elevo-me... eu mereço
A liberdade de voar sem asa... ou vento.
Luiz Gilberto de Barros - 11 de maio 2019.