O valor do sentir
Daqui vejo duas almas solitárias,
Trocam solidários olhares
Perdidos no escuro de sensações claras.
Cada qual vê no outro um vazio pleno.
Cada ombro enverga pelo fardo esmagador
De estar preso nesta liberdade ameaçadora,
Que causa medo em quem a tem,
Que amedronta quem deixou-a partir.
Pior que ter e perder,
É não ter deixado ir nem ter tido.
Quem vive no meio não há prelúdio sequer há desfecho algum,
De um amor que veio e que teve de ir,
Quer de uma paixão que não chegou a florescer.
Onde não há decisão, não há arrependimento tampouco há saudade,
Onde há indiferença, não brota ódio e amor nenhum semeia.
Pois mais vale sentir raiva do que não ter sentimento algum.