INSANO
Perplexidade
Esta sede, esta vontade
Ter teu corpo, teu coro suado
Em minha epiderme pecado suave
Estar entre teu ventre, tua carne
Emudecer teu sal, teu sabor
Querer mais e mais este ardor
Encontrar teus olhos nos meus olhos
Brindar com teu sorriso em meus sonhos
Ser nada sensata
Nunca ser incompleta
Extinguir o momento, o tempo o agora
Beijar-te com delongas na minha hora
Não deixar-te ir do meu feitiço
Estar envolto neste querer movediço
Insano que seja este prazer e esta devoção
Mas o que seria envelhecer sem aprisionar-se nessa emoção?
Ou estar livre de noção sem ação
Descobri em tua saliva
Minha salvação, minha saída
Entrada e despedida
Até quero desfazer tudo isso
Recobrir-me de juízo
Mas como estou está feito
Rendida ao delírio
Só espero que todos encontrem este ser que te causa reboliço
Tira o chão e o sentido
Para que amemos-nos mais insanos de tanta graça
Sem nada que disfarça
O sentido que descobrimos e nos foi negado
Pelo vício de parecer racional
Somos a casa para o amor fazer morada
Trocar de lugar nossos móveis
Recomeçar se necessário
Mas nunca deixar que a porta feche
E a poeira deixe de nos incomodar...