RETORNAR… POR QUÊ?

As pernas andam no passo que pode

Enquanto a angústia foge do compasso

Coração acelera sem trégua

Neste panorama sono corre légua.

Mas os sonhos não adormecem

Porque o meu pensar sobressai nas palavras.

E neste emaranhado de verbetes

Como não questionar a sabedoria da natureza?

O cacto rústico cheio de espinho

Não agride a sensível suculenta

Não há conflito com a suave rosa

Nem disputa de aroma com o jasmim.

Sua raiz pregada no chão

Extrai o melhor da aridez do sertão

Não se contamina com a impureza

E tudo converge para a perfeição da natureza.

Não sou de grupo codinome

Nem sou conhecida por cognome

Somos José, Maria, João, Genuzi... Sem sobrenome

Sou ativista. E, me apresento com nome?

Lembrem-se: - Os direitos trabalhistas

Foram conquistas

Não de um militante exangue

Mas a preço exorbitante de sangue.

Retorno a década de sessenta

E a memória retrata Pietá

Que ampara uma pessoa querida

Sem o sopro de vida.

E quando a estátua se materializa

Protagoniza a própria Pietá

Nas famílias sem brasão nem divisa

Que na sua dor não aprecia o voo da borboleta.

Sobressaiu a minha mesquinhez

E retornou a minha lucidez

Pensei nas angústias de Severino, Joana, José, Maria...

Que não é estátua com avaria.

Não somos oriundos do regime teocrático

Estamos em um regime democrático

Por que ressuscitar a ditadura

Era de sofrimento e tortura?

Veja a junção de rosa e cacto

Que jamais fizeram pacto

Então, analise e converse sobre a história

Porque foi delineada outra trajetória.

Despedem-se do verde quando chega o momento

Porque cada um tem o seu espaço

Cumprem suas funções de florir em seu tempo

Simples assim companheiro: - Dê-me um abraço.

Genuzi
Enviado por Genuzi em 30/04/2019
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