FLOR DO MANDACARU

Há uma flor que nasce

no sertão

E no solo rachado

castigado

brota teimosamente

a flor do mandacaru

Ressuscita-me

da morte lenta

de mim mesmo

Da mesquinhez

que trago entranhada

em mim

Morte diária

tão necessária

e tão contumaz

que já não sei

quanto morro

ou vivo

E a formiga

estala suas presas

no verde ressuscitado

É a morte sem cartas

sem anúncios nos jornais

sem cerimônias

Destino dos vivos

E a flor anuncia

novas precipitações

Prenúncio de vida

e morte

E morre e vive

com uma necessidade

urgente de existir...

A flor do mandacaru