Dúvidas Apócrifas
Sempre evitei falar de mim,
falar-me. Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
não haverá um falar de mim?
Não haverá nesse pudor
de falar-me uma confissão,
uma indireta confissão,
pelo avesso, e sempre impudor?
A coisa de que se falar
até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe, mesmo impuramente,
a quem dela quer falar?
Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-lo, o não falar,
é forma de falar da coisa?