Desventuras

Sou o meu próprio infortúnio.

O mundo me rasga em pedaços.

Eu me rasgo em pedaços.

Desventuras.

Vidas voláteis.

Dias dominados pelos devaneios.

Dias desvencilhados.

A realidade incisiva

Desintegra cotidianos.

Sobrevivências.

Despropósitos.

Espíritos abalados.

Você pode me ouvir?

Decifrando os escombros da minha alma.

Descobertas me apavoram.

Eu tenho morado em mim,

E em muitos lugares.

Caminhos estreitos.

Estragos.

Intragável.

Intolerâncias.

Impaciências.

Impasses.

Trilhos transtornados.

Tempos inventados.

Percalços me impedem.

Impedimentos me esvaziam.

Vazios me destroem,

Ou me transformam.

Metamorfoses.

Meios.

Fins.

Metades.

Tenho seguido firme tentando ser eu mesma.

Mas, afinal de contas, quem eu sou?

Que faço aqui já não sei há tempos.

Eu estou caindo.

Tento me agarrar a alguma coisa.

Não vejo nada.

Não vejo Deus.

Só vejo as sombras de um mundo sombrio.

Só vejo as sombras da minha alma assombrada.

O passado nos espreita,

O futuro também.

Tudo em torno me observa.

Eu observo tudo.

Cautelosa,

Pragmática,

Inconstante,

Amedrontada.

Não há alternativa,

É preciso continuar a jornada.

Thaís Carmo
Enviado por Thaís Carmo em 20/04/2019
Código do texto: T6627780
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