A POESIA DO SERTÃO

A natureza pinta
Suas aquarelas
No arrebol do sertão

Quando a poesia se inscreve
Ao entardecer
Invadindo minha solidão

E as mãos fortes do sertanejo
Agradecem a beleza
Desenhada na imensidão

E o grão adormece
Sob o solo ardente
Aguardando a germinação

O guizo no animal
Anuncia seu desespero
Em busca da alimentação

Orações varam a noite
E sob o sol seguem em fila
Na esperançosa procissão

E a vida ressurge verde
Na metamorfose da seca
Quando as gotas caem pelo chão



(O por do sol fotografado no sertão, Barrocas-BA)