O ESPELHO
Quando eu olho no espelho.
Vejo uma vida de orgulho.
Os traços no meu rosto a marcar,
Histórias que tenho a lembrar.
Cada ruga tem um valor precioso.
Anos de um combate laborioso.
O sol também, não perdoou,
E a minha face ele manchou.
O olhar não brilha como no início.
Quando de fantasia, ainda era cheio.
Perdeu a inocência pura da meninice.
E a delicadeza bela da meiguice.
Mas, não perdeu a esperança.
Ainda almeja como criança.
Concretizar projetos do passado.
E acredita que o mal, será derrotado.
Ao olhar no espelho, a vida volta à tona.
E numa retrospectiva de maratona.
Lembranças esquecidas voltam em filme.
Em curta ou longa metragem, mas sublime.
O cabelo branco, da memória, não se exime.
Tem o seu mérito, no mal ou bem, e se exprime.
Como numa película antiga, me vem os risos.
Nos lábios que tiveram aventuras e motivos.
Da minha idade, nunca tive nenhuma vergonha.
Pois é maravilhoso poder acordar pela manhã.
E saber que fomos abençoados com mais um dia.
Rugas e flacidez são prêmios de ousadia.
Quantas histórias eu pude por aqui viver.
Quantas pessoas eu tive o prazer de conhecer.
Quantos amores, decepções, alegrias e encantamento.
Tudo isso, só é motivo de muito agradecimento.
Sendo assim, nunca tema o seu reflexo.
Ele te lembrará o quanto você é complexo.
Abrace seus traços com muito carinho.
Muitos partiram, mas, você continua o caminho.