Navio Negreiro Moderno

Há  grupos de poetas distantes e frios

Quase vazios.

Não se vêem

não se encontram

a distância todos são normais

poucos sabem aquecer o outro,

poucos têm lareira em suas salas e jornais

Fico pensando como será o inverno, se não nos abraçamos.

E o que será daqueles que vivem sem palavras, à espera de uma frase para  banhar-se ao  anoitecer.

O que diremos a essas pessoas que chegam de barcos, e não podem atracar nos portos Europeus

Porque o velho continente ainda se vê branco e elitista, não enxerga a sua própria decadência.

Refugiados existem?

São pessoas?

Que cor elas tem?

E nós, poetas do Alvorecer,

Que faremos das tardes sem poesia?

Que diremos as crianças que só desejam uma sopa um olhar e  cobertor?!

E as mulheres grávidas que estão parindo no mar; Quem  cuidará dessas crianças?

Quem irá amamentá-las?

Quem são esses líderes

sem coração

Que fecham o portão

Rompendo o cordão de uma existência?

E nós poetas, que deveríamos ser os paracletos, seguimos com as nossas vaidades, fechamos a nossa página e a nossa porta,  usamos ferrolho nas janelas, ridiculamente exibimos no nosso Facebook

Semanalmente acompanho

os poemas mais Lidos,  nem sempre os mais Lindos

Tirem a máscara dessa dinastia

A poesia não tem sobrenome, ela é filha da rua

Nasce da palavra nua

Para se vestir de linhagem

de linguagem

e no trançar de fios

o linho envolto a pena

a lã

o canto

a cantilena

o ninho!!!

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 10/04/2019
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