Há um ano
Há um ano
animálias embevecidas com sangue
rugiram e zurraram verdades.
Há um ano
abissal fosso se formou
regurgitando cacofonias verdes-olivas.
Há um ano
submergiram a ética e o crível
e, ante tanta vacância,
oníricos patriotas assaltaram
praças, campos, vielas.
Há um ano
as paredes, amedrontadas,
anseiam desfechos de folhetim.
Há um ano
em nome de Deus-Pai
as areias da orla emudeceram
as redes não mais aconchegam
e, exaustos, os coqueiros
não pensam na Liberdade.
Há um ano
o poeta sutura versos e sonhos
esperando a ferida cicatrizar.