CACOS

O coro prossegue

entoando

o épico do cotidiano

e damos de ombros

a alheios escombros

como não fossem nossos,

como não fossem reais,

mas a lama, o fogo e a ruína

batem à nossa porta

e nos comportamos

estranhamente indiferentes

como se tudo não passasse

de meras imagens 3D.

E todo esse tédio

e todo esse desdém

não se sabe de onde provêm

porém

contudo porém

sorrimos nas selfies

forjamos inócuos triunfos

mas nossos olhos, no fundo,

perplexos percebem

os cacos

que não recolhemos no mundo.

n luizmaier b
Enviado por n luizmaier b em 05/04/2019
Reeditado em 05/04/2019
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