CACOS
O coro prossegue
entoando
o épico do cotidiano
e damos de ombros
a alheios escombros
como não fossem nossos,
como não fossem reais,
mas a lama, o fogo e a ruína
batem à nossa porta
e nos comportamos
estranhamente indiferentes
como se tudo não passasse
de meras imagens 3D.
E todo esse tédio
e todo esse desdém
não se sabe de onde provêm
porém
contudo porém
sorrimos nas selfies
forjamos inócuos triunfos
mas nossos olhos, no fundo,
perplexos percebem
os cacos
que não recolhemos no mundo.