Não falo mais Francês

Não tenho nenhuma habilidade para cozinhar em panela de barro

E não tenho para confessar

que com doze anos, furtei Laranjas de um caminhão que passava em Cachoeira

enfrente a estação de trem

Já não falo mais francês, e

Abandonei os movimentos que gritavam palavras de ordem,  e plantavam sementes de maconha só par variar...

Não assisto missa, nem vou a estádio de futebol

Sou um poeta solitário

sem instrumentos e sem palco

Guardo comigo uma letra que fiz para Elis

  

A calça

é a mesma

a alma também

o corpo está envelhecido

A poesia não obedece a conceitos

Tenho uma marca de ferida na perna

outra no peito

E ainda lembro de quando minha mãe dizia:

-entre meu filho passe a tramela na janela, e vá estudar.

Saudades de D Letícia!!!

Usava didal para cozir às roupas puidas, costurava como se estivesse debruçada na linha do tempo e dobrava para fazer fuxico

um caneco de esmalte na mesa para o café

não preciso dizer mais nada!

cuscuz com ovos e a quentura dos olhares da família

O caráter saiu dali

Enquanto o pôr do sol se esconde na praça

As chuvas invadem e inundam os quintais esperando a primavera florir

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 02/04/2019
Reeditado em 03/04/2019
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