Intratável
Fábio Costa
O pensamento é assolado pelo desejo de compreender tudo.
Vaga em vão pelos vãos que o inconsciente permite.
Vez ou outra explode como granada cronometrada.
E então, sobra o vazio angustiante da incompreensão.
O pouco sentido atingido revela a insignificância da busca.
É quase um convite a desistência.
Cansado, toca-se o inexprimível.
Dá-se conta de um resto incurável.
A verdade parece tangível,
Mas ao alcance das mãos ela se esvai.
Na curva da memória, se faz incompreensão;
Destoa-se da busca exigida pela emoção.
Não é a verdade que se busca.
Ela nem existe, pra falar a verdade.
É a mentira nata de cada sujeito
Que escapa nas entrelinhas do que se é.
Fica o intratável.
Fica a mentira em estado puro.
Fica a dor de se aceitar assim,
Fraco, ríspido e sem domínio.
É o desbaratado da vida que permanece.
Contra ele, nada se pode.
Com ele, tudo se perde.
Ou aceita ou retoma o pensamento de tudo saber.
Fábio Costa
O pensamento é assolado pelo desejo de compreender tudo.
Vaga em vão pelos vãos que o inconsciente permite.
Vez ou outra explode como granada cronometrada.
E então, sobra o vazio angustiante da incompreensão.
O pouco sentido atingido revela a insignificância da busca.
É quase um convite a desistência.
Cansado, toca-se o inexprimível.
Dá-se conta de um resto incurável.
A verdade parece tangível,
Mas ao alcance das mãos ela se esvai.
Na curva da memória, se faz incompreensão;
Destoa-se da busca exigida pela emoção.
Não é a verdade que se busca.
Ela nem existe, pra falar a verdade.
É a mentira nata de cada sujeito
Que escapa nas entrelinhas do que se é.
Fica o intratável.
Fica a mentira em estado puro.
Fica a dor de se aceitar assim,
Fraco, ríspido e sem domínio.
É o desbaratado da vida que permanece.
Contra ele, nada se pode.
Com ele, tudo se perde.
Ou aceita ou retoma o pensamento de tudo saber.