FOI-SE

Foi-se o tempo, o tempo foi-se e vai sempre.

Sem motivo, sem razão, sem recado, sem que sopre.

Não se deve esperar o tempo, porque, ele não vai te aguardar.

Quando você olhar, ele passou e você nem pode nada falar.

O tempo é cruel por demais, mas, também é bom de montão.

Ele não tem preferência, preconceito, nem nenhuma manifestação.

Ele só vai passando, sem nenhum tipo de intenção.

Pois, ele é só assim, nada de diferente, nada de indagação.

Ele te traz experiência, sapiência e a maturidade necessária à vida.

E junto, traz as rugas, a flacidez, os brancos cabelos da alvorada.

Mas, o tempo já foi mais cruel, até que o homem conseguiu contornar.

Com os conhecimentos adquiridos, muita coisa, fez retardar.

Antes se era velho com cinquenta, sem nem poder discutir.

O vigor cedo abandonava, e em um canto você via tudo ruir.

Mas, a diferença é que se era venerado e respeitado com louvor.

As crianças te pediam a bênçãos, e o idoso tinha valor.

Hoje se chega ao centenário, com energia e sabedoria na proporção.

Os idosos fazem ginástica, namoram, viajam e curtem com satisfação.

Porém, o respeito é pouco, e velho se vê como um triste estorvo.

Tanta ingratidão, só nos deixa com um coração decepcionado e turvo.

Já é hora de parar, e tentar pensar um pouco em cada um de nós.

Pois, o tempo sem hesitação, passará por todos, sem voz.

E é isso que queremos? Sermos descartados por nossos semelhantes?

Deixados de lado, esquecendo o quanto fomos felizes e unidos antes?

É bom lembrar, que só colhemos o que plantamos em nosso jardim.

Então, se não cuidamos dos nossos idosos, com carinho assim!

Seremos os tristes herdeiros, com um futuro de triste fim.

Somos os vetustos do amanhã, sozinhos e enjeitados, enfim.