Era domingo

Era domingo

Na porta da igreja

Havia um corpo estendido

Coberto de latas e sentidos

Um órgão do século XV exibe Schubert

As ovelhas fitam o corpo e entram.

O sino bate seis vezes,

Um coro em latim

Recita: Mãe socorra-me !

A missa começa...

O padre com sede

Bebe vinho num cálice de prata

E limpa com lenço de linho

O fundo da taça.

As roupas coloridas brilham,

refletidas no cálice em movimento.

No ambiente: um ar de festa...

Na porta um corpo de mendigo

Coberto de lata e sentido...!

O tapete persa combina

Com o vestido de organdi

Da dama de vermelho.

O crucifixo no peito

Mostra o poder...

A fé remove, refletindo

Os cristais do teto, as montanhas.

Cristo está ali?

Pergunta uma criança

Ao poeta...

O padre imitando Jesus

Recita o sermão da montanha:

Bem-aventurados

Vós que estais aflitos

E bem vestidos bem-aventurados sois.

A missa acaba.

Os lustres do século XVI se apagam,

os fies se foram.

Na porta há carros e buzinas.

O padre se recolhe na mansão dos

livramentos.

O poeta responde com afeto a criança!

Cristo está ali preso àquele crucifixo?

Ou é este corpo

Coberto de latas e sentidos?!

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 25/03/2019
Reeditado em 18/05/2020
Código do texto: T6606619
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