Era domingo
Era domingo
Na porta da igreja
Havia um corpo estendido
Coberto de latas e sentidos
Um órgão do século XV exibe Schubert
As ovelhas fitam o corpo e entram.
O sino bate seis vezes,
Um coro em latim
Recita: Mãe socorra-me !
A missa começa...
O padre com sede
Bebe vinho num cálice de prata
E limpa com lenço de linho
O fundo da taça.
As roupas coloridas brilham,
refletidas no cálice em movimento.
No ambiente: um ar de festa...
Na porta um corpo de mendigo
Coberto de lata e sentido...!
O tapete persa combina
Com o vestido de organdi
Da dama de vermelho.
O crucifixo no peito
Mostra o poder...
A fé remove, refletindo
Os cristais do teto, as montanhas.
Cristo está ali?
Pergunta uma criança
Ao poeta...
O padre imitando Jesus
Recita o sermão da montanha:
Bem-aventurados
Vós que estais aflitos
E bem vestidos bem-aventurados sois.
A missa acaba.
Os lustres do século XVI se apagam,
os fies se foram.
Na porta há carros e buzinas.
O padre se recolhe na mansão dos
livramentos.
O poeta responde com afeto a criança!
Cristo está ali preso àquele crucifixo?
Ou é este corpo
Coberto de latas e sentidos?!