forças ocultas

creio nas forças ocultas

explicadas pela ciência

as nuvens que passam

que passam que passam

vou morar num porto invisível

almas penadas flutuam nas árvores

creio nas forças ocultas

quando a ciência não as explica

o rosto de um deus acadêmico

veste a pele cinzenta do albatroz

vou viver para sempre num porto

só visível aos olhos dos impressionistas

não há compromisso entre o vento e a luz

resplende a lua num céu de outubro

ah sim o outubro quando resplende a lua é vermelho

nada me faz lembrar manhãs eternas

o verão escapa em branca espuma

não creio em forças ocultas

dentro da ciência há apenas o átomo

há impressões que não se explicam

e há expressões raivosas no olho cortado

no canto de páginas em branco soam

melodias de debussy ao piano de satie

um galo arrepia a madrugada ausente

a lua de outubro continua vermelha

não descrevo o que vejo e sim

descrevo o que lembro e nem

sempre o que lembro é verdade

e entre a verdade e o que lembro

gosto sempre mais do que lembro

já não creio em forças ocultas

o futuro está em si mesmo

e também no passado

11.11.2018

BLOG TRAPICHE DE VERSOS E AFINS

http://trapichedeversoseafins.blogspot.com/