Afluente

Eu sou um animal solto

Em um espaço fechado,

E como de praxe,

Como negar teu instinto selvagem?

Como uma abelha fora da colmeia,

Eu sou um animal traumatizado,

No cemitério de pétalas de rosas,

Propenso nos jardins perdidos.

Labirintos, de tudo que nós perdemos,

Das palavras que não dizemos,

Resignam em nós e se perdem nos cosmos.

Sou selvagem,

Apenas mais um de uma linhagem,

Garotos dispersos, perdidos nas ruas,

Sobre as armadilhas de concreto e asfalto,

Vivemos tantos anos,

Ou apenas somos soterrados em um viver?

Eu deito na cama e morro

Para renascer em dias contados,

Em pensamentos futuros,

Se encaixando em peças prontas,

Do que esperam que eu seja

E não do que eu sonho.

Eu sou como rio,

Observando a margem seguindo o navio que pretendo alcançar.