Vai Maria!
Vai Maria!
Além das cercas
Demarcadas pelo teu nome.
Vai! Esquece a menina.
Vai à procura da mulher
Este enigma indecifrável,
profundo, fecundo.
Vai, vai Maria!
Ao encontro do teu eu
Onde não existe a falsa imagem
Nem o sim, nem o nao, nem o talvez.
Vai ao encontro de tudo que se fez
E que não se fez.
Onde a verdade se encontra nua
E que seja tua,
Vai ao encontro da mulher
Que descobriu a rua.
Costura a fantasia
Com o linho do teu trabalho
Pinta o rosto da cor que te faça
Rasga a mortalha que tu ganhaste
Vai ao encontro da mulher
Que conquistou a praça.
Neste querer ir consciente e louco
Leva outras Marias...
A Maria de Cora Coralina
Aquela do tanque
A que demora na cozinha
Vai e seja bendita entre elas
Mesmo que te falte a graça
Vai ao encontro da mulher
Que se despiu na praça.
Vai Maria!
Ser mais que uma simples mulher
Sonhar além dos espaços demarcados
Desata os nós
Descortina os teus sóis
E serás qual a natureza da águia
Neste angustiar febril e louco
Neste vôo alto,
Vai Maria!
Ao encontro do teu faço.