PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DOS SETE PECADOS
Longe, distante de mim, a perfeição.
Prefiro a “irracionalidade” dos animais.
Afastada, cada vez mais de mim, quero a razão.
Que me venham então os sete pecados capitais.
Eu quero a gula peculiar dos amantes.
E a sede infinita dos sedentos de amor.
Eu quero a avareza generosa dos desapegados.
Dos que fazem de Deus, eminência e primor.
Quero a luxúria pura dos pobres de espírito.
E a racionalidade dos que não se deixam dominar pelas paixões.
Eu quero a ira dos pacíficos. E o rancor dos que
Não aceitam o ódio dominar suas ações.
Quero a inveja dos que não cobiçam o alheio.
E a riqueza material dos que alimentam a alma.
Quero a preguiça dos caprichosos e ativos.
Dos que não fogem à luta. Nem da labuta,
Que dá ânimo e acalma.
Por fim,
Quero o orgulho latente - e a vaidade,
Dos mansos e humildes de coração.
A serenidade dos que se vangloriam em silêncio:
Em forma de ação, doação... e oração.