“Aterro sanitário”
Roma 15/03/2019
Lixo
Chama seu irmão de ‘lixo’
E agora se ofende
Porque chamei de irmão
O que chama de ‘lixo’
Lixo
O que é lixo!?
Se não
Algo usado
Mal aproveitado
Que não serve mais
E deve ser eliminado
Depois de julgado;
Sem valor
Sem utilidade
Sem alma
Diferente demais
Ou dos demais
Todos nós
Produzimos ‘lixos’
Materiais
Emocionais
Culturais
Sociais
Condicionamentos
Que transformam;
Irmãos
Iguais
Rivais
Em ‘lixos’
Até para aqueles
Que dizem lutar por;
Direitos
Respeito
Igualdade
E paz
Entupidos de tanto ‘lixo’
Temos afetada nossas visões
Sentimentos
Razões
E emoções
Recebendo ‘lixo’
Desde o dia em que nascemos
Criamos montes
Que ofuscam nossos olhos
E também os corações
Percebi em mim
Um sorrateiro sistema de fuga
Que não reconhecia
Que me mantinha em uma prisão
Para fugir de mim mesmo
E não olhar para dentro
Fuçar no ‘lixo’ que carrego no peito
Eu julgava meu igual
Igual
Sim
Perdão se te ofendo
Mas somos todos ‘iguais’
Iguais na dor
No labor
No ardor
Nos defeitos e acertos
Somos todos iguais
Um contra senso
Deve estar pensando
Pois somos únicos
Como Almas
Como Seres
Em muitos dizeres
Mas não ter a perfeição
Para oferecer
Nos torna iguais
E mesmo que você
Não acredite
Em almas
Espíritos
Ou Deus
E na Criação
Com a luz da ciência
(talvez nisso acredite)
Te ofereço uma visão
Se tudo começou
De uma única partícula
Seguido de uma explosão
Veja
Que coisa
Dentro dessa mesma partícula
Estava
A matéria, organismo ou energia
Que hoje dá forma e vida;
À você
À mim
À tudo
E à todos
Inclusive essa pessoa
Que babando ódio
Você chama de ‘lixo’
Enquanto tento te mostrar
Que é irmão
Julgamos
E não queremos ser julgados
Falamos
Sem mal ter observado
Interpretamos
Sem conhecer os fatos
Através de relatos
Apontamos o dedo
Ferimos
Sentenciamos
Condenamos
Sentados
Dedos no teclado
A verdade sempre do nosso lado
Por esquecer dos meus defeitos
Me vejo melhor que os demais
Sim
Coisas terríveis acontecem
No mundo
No lado escuro
Homens se confundem
Com animais
Como animais;
Instintos
Barbáries
Desejos
Impulsos
Quando falta a consciência
Temos o caos
Mas não se engane
Essas coisas acontecem
Dentro de cada um de nós
Neste planeta
No universo
Alguns expressam
Outros não
Alguns conseguem ajuda
Outros aguentam ‘firme’
A própria luta
Outros não
A ignorância
A dor
E a angústia
Sem a luz do amor
Da caridade e da ternura
Nos leva ao que vemos
Desde o início dos tempos
Irmão matando irmão
‘Lixo’ ferindo ‘lixo’
Buscando a ‘Salvação’
Não seja mais um iludido
Talvez perceba
Que todos nós
Estamos dormindo
Você pode não dar disparos
Tiros ou facadas
Derramar sangue
Cometer crimes horríveis
Visíveis
Mas você
Assim como eu
Também feri e mata
Com atitudes, vícios
‘Lixos’ e palavras
Vidas
Emoções
Sentimentos
Almas
E feridos ferem
Ofendidos ofendem
Pessoas assassinadas
Por dentro
Matam
Por falta de amor
Estraçalham
Primeiro com a mente
E às vezes na realidade
Todos aqueles
Dos quais recebeu
Incompreensão
Sim
É muito difícil
Entender, aceitar
E não julgar um assassino
De todos os tipos
Os que entram em escolas
Os que estão perdidos
Os que matam por ‘amor’
Os dos presídios
Os que estão no governo
Nos frigoríficos
Sentados à mesa
Saboreando um suíno
Mas o que posso dizer sobre isso
Para terminar esse texto
Eu aprendi com o Cristo
E hoje pratico
Temos de haver
COMPAIXÃO
Por tudo que vem do outro
Por tudo que vem de nós
Por tudo que vem do ‘lixo’
Do nosso irmão
Do nosso semelhante
Do nosso ‘Igual’
O mal não existe
Também não existe
a ausência do Bem
Deus é
Onipotente
Onipresente
Onisciente
Justo e Perfeito
Nosso Pai
Mãe
Amigo e Irmão
O que existe é ignorância
Erramos sem saber
Sem entender
Que todos nós
Erramos neste planeta
Com este planeta
Para aprender
Uns com os outros
Evoluirmos
E não mais viver
Com a dor
Nem com a morte
Sem resquício
De sofrimento
Violência e medo
A luz do Amor
Reciclando e transformando
O nosso ‘lixo’
Sem olhar o do vizinho
Foi para isso que nos fez
O Criador