A PROCURA DE MARIA.
= A PROCURA DE MARIA =
A rede está vazia!
Caminho...
A lua, em fria noite, desfila-se em clássica fantasia.
Entretanto... A rede ainda está vazia!
Do orvalhado mato, o cheiro, a calça, as barras molhadas esfria.
Os olhos buscando, o que o coração não via?
Onde está Maria?
Sem linha no horizonte, a lua espia.
Nenhuma palavra, sem som, nada, nada se ouvia!
Uma grinalda, de lindas estrelas em esmeraldas, o céu cobria.
Venha Maria!
De encantos tantos, quanta magia, mas a minha noite interna continua fria e vazia!
Em carmim, timidamente, o sol, o horizonte tingia.
Em nuance, o sol com a lua, meu coração aquecia.
Agora de volta, eu, frente para o sol, de costas a lua,
sinto-me sombrio.
Apago o sol, a lua, as estrelas e todas as ilusões que existiam.
Em meu ser, apenas o vazio!
Da solidão, a seiva pelos meus olhos fez-se arroio, em vãs esperanças, por eles corriam!
Uma pequena fagulha luminosa, que do meu peito se desprendeu, inquieta, convidou-me à incessante busca por Maria.
Hesito-me... O cansaço leva-me ao desânimo.
A luzinha serelepe convenceu-me a segui-la...
Eu, como um guerreiro em frangalhos, grito: “onde está você, Maria?”
A teimosa luz na rede se escondia.
Em lentos passos, sigo adiante; a luz eu procuro e na rede espio...
Oh... Que surpresa! Serenamente, ali, dorme Maria.
Ávido de felicidade, matutando comigo, invento teorias; volto a olhar, pergunto novamente: é você mesmo, Maria?
Agora, acordada, sorrindo, com lábios trêmulos de desejos, cobra-me cálidos beijos.
O dia é passado; na luz da razão, posso avaliar a minha inútil solidão: Maria nunca se foi... Ela esteve sempre a minha espera... Quem se perdeu nas asas fúteis das ilusões, fora eu, fazendo-me o pacóvio da desilusão!
ANTÔNIO JOSÉ TAVARES.