Coragens corrompidas
Meus olhos pressentiram uma escuridão profunda e silenciosa.
Aquela escuridão misteriosa me envolveu.
Eram olhos perscrutadores.
Olhos ordinários.
Eu estou repleta de coragens covardes.
Minhas coragens foram, todas, abaladas.
Coragens fracas.
Coragens corroídas.
Coragens corrompidas.
E, agora, agora são medos e culpas.
Esperanças desesperadas.
Eu preciso canalizar essas dores,
Eu sei disso.
Mas você precisa entender algo.
São esses demônios que habitam na minha alma,
Eles não me abandonam.
Esses, sim, possuem coragens devastadoras.
Minha alma tem algo de sereno, mas pesado.
Eu estou chegando ao outro lado
De algum lugar.
O outro lado de mim mesma,
Sombrio, atormentado.
Atravessaremos pessoas, lugares.
E por fim, estarei eu ali
Vendo o mesmo mar.
O mar devora tudo,
Devora o meu coração.
De tanto bater meu coração parou.
De tempos em tempos,
Sonhadora,
Inquieta,
Delirante.
Na solidão e na natureza, é que eu vejo Deus.
Nuances.
Tranquilamente desconcertada.
Desesperadamente prudente.
Perspectivas vazias me adoecem.
Uma luz no fim do túnel, que não a vejo.
Tempestades.
O vento carregando tudo:
Bons sentimentos,
Persistências
E vontades.
Sim, as vontades já não existem,
Desfaleceram,
Morreram todas.
Sinto-me exilada.
Não, eu realmente não sei...
Não sei pertencer.
Pertencimentos,
Vínculos,
Afetos.
Todos eles me corroem,
Destroem.
Deteriorada,
Submergi no desespero silencioso que habita a minha alma.
Não restou mais nada.
É preciso reconstruir,
Resgatar.
É inútil
Tentar reanimar afetos cadavéricos.
Foram todos,
Todos eles,
Já se foram.
Eu, destemida e devorada,
Distante e indiferente.
São aqueles instantes inconsequentes.