Debaixo do Sol - O Tempo

Debaixo do Sol - O Tempo

E ainda permeneço em minhas observações,

entre a vaidade, o labor e as intempéries da vida!

No homem há caminhos que ainda desconheço e

no seu olhar, um desvio constante do que lhe repulsa.

Debaixo do sol há uma inquietude guardada no peito,

mas eles todos vivem como modelos de porcelana.

Acrescento a essas linhas os sorrisos que tenho visto,

são mascarados de tanto cansaço e do viver em vão

e isto é desperdício, condicionar-se à essa vaidade.

No decorrer do dia testemunho um engano incessante,

as mais belas criações divinas deixam de ser contempladas

enquanto há discórdia, furor e desiquilíbrio em toda parte.

Que prazer há na arte, se não há delitantes para exaltá-la?

Debaixo do sol vejo um tempo moderno, carros, luxo, terno.

As buzinas dos carros ofuscam o trovador na calçada,

os semáforos angustiam na passagem das estradas,

embora em algum lugar haja um menino dizendo: fé!

Uma mãe que acorda as seis da manhã para fazer café

e diz: Bom dia filho, como foi a noite? Dormiu bem?

O tempo moderno exige pressa e eles fingem paciência.

O tempo moderno cultua ideologias que não compreendo.

Descobri a possibilidade de entender apenas meu mundo e

confesso, tantas bagagens têm ficado para trás - alívio!

Sigo em autocuidado, paz de espírito e infindas observações.

Victor Cunha

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 01/03/2019
Reeditado em 01/03/2019
Código do texto: T6587037
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