Debaixo do Sol - O Tempo
Debaixo do Sol - O Tempo
E ainda permeneço em minhas observações,
entre a vaidade, o labor e as intempéries da vida!
No homem há caminhos que ainda desconheço e
no seu olhar, um desvio constante do que lhe repulsa.
Debaixo do sol há uma inquietude guardada no peito,
mas eles todos vivem como modelos de porcelana.
Acrescento a essas linhas os sorrisos que tenho visto,
são mascarados de tanto cansaço e do viver em vão
e isto é desperdício, condicionar-se à essa vaidade.
No decorrer do dia testemunho um engano incessante,
as mais belas criações divinas deixam de ser contempladas
enquanto há discórdia, furor e desiquilíbrio em toda parte.
Que prazer há na arte, se não há delitantes para exaltá-la?
Debaixo do sol vejo um tempo moderno, carros, luxo, terno.
As buzinas dos carros ofuscam o trovador na calçada,
os semáforos angustiam na passagem das estradas,
embora em algum lugar haja um menino dizendo: fé!
Uma mãe que acorda as seis da manhã para fazer café
e diz: Bom dia filho, como foi a noite? Dormiu bem?
O tempo moderno exige pressa e eles fingem paciência.
O tempo moderno cultua ideologias que não compreendo.
Descobri a possibilidade de entender apenas meu mundo e
confesso, tantas bagagens têm ficado para trás - alívio!
Sigo em autocuidado, paz de espírito e infindas observações.
Victor Cunha