CADARÇOS
Ainda não aprendi
A caminhar direito
Alguns passos
Vão lentos e tortos
Minha alma estala
A cada espaço
Que não soube preencher
Os meus pés
Às vezes nem sinto
Às vezes me perco tanto em você
Seguindo...
Que eu sigo perdido
E os sapatos?
Os números vão mudando
E eu nem me acostumo
Alguns calos nunca me deixaram
E nessa trajetória
Nem sei amarrar os cadarços
Por vezes aperto tanto
E mesmo assim eles se desfazem
O próprio caminho às vezes
É um atalho
Dos laços, fios e cordas
Que não vemos
Mas inventamos
Para embelezar a dor
Aperto na encruzilhada
Que não passamos
Sem sapatos
As feridas que não se mostram
Internas quanto o medo
De sentir.