“E foi assim que eu ‘nasci’”

Roma 27/02/2019

Diferente

Do que minha mãe pensa

Do que eu pensava

Ou de como pensam muitos de meus irmãos

Minha vida não começou dentro do útero

Não vim de uma fecundação

Para não misturar vida com existência

Quero falar dessa minha experiência

Atual

Ela começou depois da adolescência

Foi surgindo por um processo ‘natural’

Primeiro veio o condicionamento

(moldes e manipulação)

Em seguida vieram;

Medos

Desejos

Almejos

Carência e solidão

Longe de mim

querer fazer rima

Com sofrimento,

dor e defeitos

Mas é tudo que vem da ilusão

Ilusão de buscar fora

O que está dentro

Ilusão de que os homens

saberiam a solução

Foi de joelhos que encontrei uma razão

Os homens e a vida

me mostraram alguns caminhos

Mas foi de joelhos

Que encontrei a salvação

Não a salvação do mundo

Me salvar do outro

Do inimigo ou do rival

Não a salvação que vendem os ‘obreiros’

Precisava me salvar do orgulho

Dos desejos absurdos

Aqui eu falo da ilusão

De joelhos perante a mim mesmo

De joelhos perante o Criador

Frente a frente com um espelho

Olhando para o chão

Reconheci

Enfrentei a minha dor

Chorando

Como em todo nascimento

Quando renasci

(ou verdadeiramente nasci)

O que molhava meu rosto

E meu corpo

Não era suor

Chorando muito

Senti por um momento

Vergonha de mim mesmo

E em um lampejo

Percebi

Que as lágrimas

eram de pura

A mais pura

Ingratidão

Então

De joelhos

Fiz a minha mais

Singela

E sentida

Oração

“Pai

Perdoa esse teu filho

Fraco

Iludido e pequeno

Que está aqui a chorar

E se afogar em lamentos

Por pura incompreensão

Pai

Perdoa minha fraqueza

Tira de mim essa ingênua defesa

Me ensina Tua Fortaleza

Já me mostrou a Tua Beleza

Me perdoa se insisto em andar

Pelo caminho da escuridão

Pai

Me proteja de mim mesmo

Sei que me amas

Assim mesmo

Pequeno

Ofendido

Ofensor

Mas se puder

Se for Teu ensejo

Tira do meu peito

Essa angústia

Esse aperto

Essa dor

Me ensina a viver sem medo

Aprender a ser verdadeiramente

‘pequeno’

Verdadeiro

Me ensina sentir o Teu o amor”

Como se fosse hoje

Eu não esqueço

Pude sentir os ‘Seus Dedos’

Ao tocar meu coração

Tirou de mim em minutos

Talvez segundos

Não importa o tempo

Uma dor que atravessava

Gerações

Desde de então me reconheço

Vou além do que mostra o espelho

E sempre de joelhos

Mantenho a ligação

Minha intenção não é

Dizer verdades

Mas te digo com sinceridade

Que na verdade

Eu nasci de uma oração

Oração de pura humildade

Palavras e pensamentos

Repletos de saudades

O que tanto me faltava

Era voltar para os braços

Daquele que me criou

E no momento mais enfermo

Quando estava de joelhos

Ele me abraçou

E nunca mais soltou

E foi assim que eu nasci

Do Amor.

o sarto
Enviado por o sarto em 27/02/2019
Reeditado em 27/02/2019
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