Do Nada
Do nada, um lábio beija e outro esbraveja.
Um braço atira, outro abraça
Uma das mãos agarra,
As duas juntas batem palma
Do nada, a gente briga
E a danada da paz,
Do nada, traz a calma.
Sábio é o danado do silêncio
Que, do nada, traz a certeza.
Amada, é a conquista que, do nada, anda perdida
Com sua vitória sagaz
E as migalhas pro Mundo que ela traz.
Do nada, a vida pede cuidados
Do nada, a criança não cresce
E a face não envelhece
O grão não enraíza, o broto não sobe
E a vida, do nada, fenece
E racha todo o chão
Que não barra as barragens da vida
Do nada, voam amizades
Sobram restos e abandonos
E, do nada, isso não tem cara e não tem dono.
Do nada, perdem-se sonhos e diz-se Amém
Do nada se corta o coração, chama a tirania
Reata a guerra e escoa a vida
Frutos da porrada sentida
Que a gente leva no peito
E, do nada, o que fica?
Fica o nosso bem, desfeito.