CANTIGA DA SOLIDÃO
O pássaro solitário começa a cantar.
O que ele quer com isso?
Pedir socorro, talvez...
Seu canto parece aflito.
E canta mais e mais uma vez.
De longe, parece estar preso,
triste, indefeso, com medo.
Quiçá de nunca mais sair da prisão.
E para por mais um tempo...
O silêncio que se segue é pura solidão.
Não se ouve nem a voz do vento.
Canta novamente sua cantiga.
Decerto não vê nenhuma pessoa amiga.
O que será que o homem pensa disso?
Que acaso suas asas são enfeite?
Por certo, o lamento da ave pra ele é deleite.
A gaiola parece um paraíso...
Se seu dono estivesse em seu lugar?
Seria fácil ou um penoso torturar?
O ser humano não reflete sobre sua atitude.
Na sede de acabar sua carência,
não enxerga nem mede consequência.
Nesta cena, não se vê virtude.
Tal criatura presa não pode trazer felicidade.
Há nisso apenas atrocidade.
E o pássaro solitário canta ainda uma vez.
Membro da Academia Virtual de Poetas da Língua Portuguesa (AVPLP) - Acadêmica Titular do Brasil e de Portugal