A CARTA
“Prezada Amiga,
já se passaram alguns anos
desde que nos vimos
pela última vez”
Às vezes o destino
separa os amigos,
os irmãos, pais e filhos.
Separa as pessoas.
“Escrevo-lhe mais uma vez,
na tentativa de encontrá-la”
Quantas vezes mudamos de endereço,
cidade, estado e até país...
E aí o CEP ficou perdido,
não mais estarei
onde sempre estive.
“Sei que poderá lhe pegar de surpresa,
mas seu Manoel, aquele da esquina,
que sempre nos dava uma bala ou chiclete
quando íamos comprar pão, morreu ano passado.
Morreu subitamente no balcão da sua padaria”
Histórias acontecem,
simplesmente acontecem
e a vida desliza loucamente
sobre trilhas incertas
“Você não iria acreditar.
Sabe aquele menino tão lindo
que morava na rua de cima,
naquela casa verde?
Que todas nós queríamos beijar?
Agora sofre de depressão
e já tentou se matar por duas vezes.
Ana, nossa colega de sala,
que beijava todos os meninos,
agora está muito bem casada.
Mês passado teve seu segundo filho,
um garotinho lindo!
Você precisa ver.
Parece muito com ela”
CEP errado, números trocados
e as notícias não chegam!
Como gostaria de saber
como estão as flores daquele jardim.
Pois, já é primavera e elas ficavam lindas!
“E você ainda mantém aquele penteado de lado?
Que deixava seu rosto tão lindo!
Agora tenho cabelos grisalhos
e os corto bem curtinho.
Algumas rugas já surgiram, amiga!,
não sei mais o que fazer...”
E o tempo lambe nossas faces,
numa previsibilidade tão esperada
e não sentida que agora sorrio pra ela
Aconteceu tão lentamente que me assustei quando vi.
“Há mais de vinte anos te escrevo mês a mês
e não obtenho respostas.
Por onde você anda? ”
E a vida transcorria nas lembranças
e no abandono diário das cartas não correspondidas
“Prezada Amiga,
já se passaram alguns anos
desde que nos vimos
pela última vez”
Às vezes o destino
separa os amigos,
os irmãos, pais e filhos.
Separa as pessoas.
“Escrevo-lhe mais uma vez,
na tentativa de encontrá-la”
Quantas vezes mudamos de endereço,
cidade, estado e até país...
E aí o CEP ficou perdido,
não mais estarei
onde sempre estive.
“Sei que poderá lhe pegar de surpresa,
mas seu Manoel, aquele da esquina,
que sempre nos dava uma bala ou chiclete
quando íamos comprar pão, morreu ano passado.
Morreu subitamente no balcão da sua padaria”
Histórias acontecem,
simplesmente acontecem
e a vida desliza loucamente
sobre trilhas incertas
“Você não iria acreditar.
Sabe aquele menino tão lindo
que morava na rua de cima,
naquela casa verde?
Que todas nós queríamos beijar?
Agora sofre de depressão
e já tentou se matar por duas vezes.
Ana, nossa colega de sala,
que beijava todos os meninos,
agora está muito bem casada.
Mês passado teve seu segundo filho,
um garotinho lindo!
Você precisa ver.
Parece muito com ela”
CEP errado, números trocados
e as notícias não chegam!
Como gostaria de saber
como estão as flores daquele jardim.
Pois, já é primavera e elas ficavam lindas!
“E você ainda mantém aquele penteado de lado?
Que deixava seu rosto tão lindo!
Agora tenho cabelos grisalhos
e os corto bem curtinho.
Algumas rugas já surgiram, amiga!,
não sei mais o que fazer...”
E o tempo lambe nossas faces,
numa previsibilidade tão esperada
e não sentida que agora sorrio pra ela
Aconteceu tão lentamente que me assustei quando vi.
“Há mais de vinte anos te escrevo mês a mês
e não obtenho respostas.
Por onde você anda? ”
E a vida transcorria nas lembranças
e no abandono diário das cartas não correspondidas