O CÁLICE AMARGO DA ILUSÃO
Mais acetosa que boldo,
e mordaz que um leão,
tão pungente quanto a morte,
é a dor da ilusão!
Viperina feito espada,
transpassando o coração,
e voraz quanto uma bala,
alvejando um bidão;
É sonhar com um beijo afável,
alferindo uma picada,
de pensar em um abraço,
alferindo a embustada;
De nadar em mar de rosas
e aforgar-se em espinhos,
planear-se sendo amado,
e acordar-se tão sozinho;
Quem ilude é desumano,
é atroz,sem coração,
mais mortal que um sicário,
motejando a afeição;
É patife e moncoso,
digno de aversão,
desamparo e abandono,
de morrer na solidão;
Iludir é um crime grave,
é burlar e zombar da sorte,
quem este crime comete,
ceifará a própria morte!