Metamorfose em linhas

Espero em meu casulo,

Tomado conta pela razão

De que haverá uma recompensa

Que aguarda-me à preço

De minha paciência e tempo.

Talvez asas

Que possam dar-me

A falsa ilusão de que

Tenho liberdade

Para voar para longe

De minha solitária gaiola.

Uma mutação,

Um descobrimento

Que faça-me ver

De acordo com o que

A realidade mantém

Em harmônica moção

Diante de meus semi-abertos

Olhos amedrontados.

Abdico de mim

Minhas partes obsoletas,

Descarto a mim mesmo

Apenas para que eu possa

Edificar-me novamente

Como se tudo pertencesse

A um novo começo.

Fora eu parte

De uma incompleta

Evolução enquanto

O mundo sempre

Mostrou-se ser um palco

De mudanças que

Trazem e tiram

Frutos do presente

Em uma rapidez

Inacompanhável e incompreensível.

Andando tão devagar,

Rastejando até encontrar

Um pouco de paz

Entre conflitos que

Começam, acabam

E repetem-se no pensamento

De que não há finalidade

A ser alcançada nessa metamorfose.

Sem opções a não ser

Permanecer encolhido,

Escondido e desiludido

À mercê de coisas

Que fazem-me sentir

Como se fosse possível

Tornar-me ainda menor

Do que um grão de areia

Envolvido entre incontáveis

Outros mesmos.

Para barulhos de dúvidas: silêncio.

Assim responde-me

O eco de minhas preocupações

Com minhas próprias

Ditas perguntas

Ao sempre ouvinte vazio.

Firmando o óbvio,

Acentuando a

Sempre vista resposta

Que nego palavra

Por palavra.

Nada fora prometido,

Não há propósito em

Esperar por um motivo

Enquanto todos aqueles

Que moviam-me

São a razão por

Mais um mútuo adeus.

Aflições que impedem

O progresso de minha

Tardia metamorfose.

Rascunhos interminados

De uma estória sem fim,

Um eterno flerte

Ao indesejado futuro.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 07/02/2019
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