Metamorfose em linhas
Espero em meu casulo,
Tomado conta pela razão
De que haverá uma recompensa
Que aguarda-me à preço
De minha paciência e tempo.
Talvez asas
Que possam dar-me
A falsa ilusão de que
Tenho liberdade
Para voar para longe
De minha solitária gaiola.
Uma mutação,
Um descobrimento
Que faça-me ver
De acordo com o que
A realidade mantém
Em harmônica moção
Diante de meus semi-abertos
Olhos amedrontados.
Abdico de mim
Minhas partes obsoletas,
Descarto a mim mesmo
Apenas para que eu possa
Edificar-me novamente
Como se tudo pertencesse
A um novo começo.
Fora eu parte
De uma incompleta
Evolução enquanto
O mundo sempre
Mostrou-se ser um palco
De mudanças que
Trazem e tiram
Frutos do presente
Em uma rapidez
Inacompanhável e incompreensível.
Andando tão devagar,
Rastejando até encontrar
Um pouco de paz
Entre conflitos que
Começam, acabam
E repetem-se no pensamento
De que não há finalidade
A ser alcançada nessa metamorfose.
Sem opções a não ser
Permanecer encolhido,
Escondido e desiludido
À mercê de coisas
Que fazem-me sentir
Como se fosse possível
Tornar-me ainda menor
Do que um grão de areia
Envolvido entre incontáveis
Outros mesmos.
Para barulhos de dúvidas: silêncio.
Assim responde-me
O eco de minhas preocupações
Com minhas próprias
Ditas perguntas
Ao sempre ouvinte vazio.
Firmando o óbvio,
Acentuando a
Sempre vista resposta
Que nego palavra
Por palavra.
Nada fora prometido,
Não há propósito em
Esperar por um motivo
Enquanto todos aqueles
Que moviam-me
São a razão por
Mais um mútuo adeus.
Aflições que impedem
O progresso de minha
Tardia metamorfose.
Rascunhos interminados
De uma estória sem fim,
Um eterno flerte
Ao indesejado futuro.