AMIGA POESIA
AMIGA POESIA
Todos os dias
eu abro a porta da alma,
para que a poesia
se revele
com seus versos inéditos;
com seus versos
habituais,
bem claros como a luz
do dia; bem cheirosos
como as flores
amanhecidas
nos jardins campestres.
Todos os dias,
a poesia, que,
como a alma, parece
não dormir, fica a espera,
com uma certa
impaciência, para que eu,
corpo físico, acorde,
para por no papel,
a linguagem poética
que vai compondo o poema.
Me parece que,
os versos inéditos
que escrevo, tão lúcidos
e espontâneos,
são frutos, não só,
do que vivencio estando
desperto, mas também,
do que a alma vivencia
em suas andanças astrais.
Quero que saiba,
amiga poesia,
que somos íntimos desde
priscas eras, desde
remotos tempos, quando
a alma revelou aptidão
pra escrever. E cada vez
que reencarna,
embora desenvolva outras
atividades, a arte
de escrever em prosa
ou em verso
está sempre presente,
como se fossem almas
gêmeas, que se nutrem,
que se depuram unidas,
ao longo
das sucessivas encarnações.
Escritor Adilson Fontoura