DAS CANOAS

(Por Érica Cinara Santos)

Eis que momentaneamente descansas

Com outras de tua estirpe irmanada

Ante o banzeiro do barrento rio, tu danças

Junto ao porto, tal como sentinelas, alinhada

E apreciando a composição de tal cenário

Sob o esplendor do sol se pondo

Não me furto ao sutil assombro

De aperceber-te como um objeto extraordinário

E divago sobre teu vai e vem

Quando cruzas a mansidão e fúria desse rio

Haverás de já ter causado muito arrepio

Na lida das fortes correntezas que o Amazonas tem

Ah, gentil canoa!

Conta-me sobre as vidas que tu carregas!

Que esperanças já remaram em tua proa?

Rumo a quantos ribeirinhos desejos tu navegas?

Se é o rio a nossa rua,

Como já cantaram muitos poetas

Não haverá quem por essas bandas te exclua

Eis que tua utilidade, os mais belos sonhos do homem do rio, afeta.

Obs.: Embora pareça paradoxal, mas, na Amazônia, a vida sobre os rios está submersa em seus peculiares elementos e singulares significados.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 31/01/2019
Reeditado em 08/03/2020
Código do texto: T6563929
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