DAS CANOAS
(Por Érica Cinara Santos)
Eis que momentaneamente descansas
Com outras de tua estirpe irmanada
Ante o banzeiro do barrento rio, tu danças
Junto ao porto, tal como sentinelas, alinhada
E apreciando a composição de tal cenário
Sob o esplendor do sol se pondo
Não me furto ao sutil assombro
De aperceber-te como um objeto extraordinário
E divago sobre teu vai e vem
Quando cruzas a mansidão e fúria desse rio
Haverás de já ter causado muito arrepio
Na lida das fortes correntezas que o Amazonas tem
Ah, gentil canoa!
Conta-me sobre as vidas que tu carregas!
Que esperanças já remaram em tua proa?
Rumo a quantos ribeirinhos desejos tu navegas?
Se é o rio a nossa rua,
Como já cantaram muitos poetas
Não haverá quem por essas bandas te exclua
Eis que tua utilidade, os mais belos sonhos do homem do rio, afeta.
Obs.: Embora pareça paradoxal, mas, na Amazônia, a vida sobre os rios está submersa em seus peculiares elementos e singulares significados.