CONTEMPLATIVO
O precipício chora seus mortos,
O dia usa do canivete para cortas nuvens
Enquanto o povo percebe o coral
Que canta em silêncio
E se observa na cauda dos cometas, o riso...
Há nos confins dos arrabaldes
O canto alucinógeno da plebe.
Já não há canteiros que gritem,
Embora a vida plagie os sonhos
Não sonhados das gaivotas,
Isso diante das procelas que gemem
E sufocam os mares que, constrangidos,
Aprisionam os torvelinhos
Desnudos da madrugada.
Plantas rasteiras são restingas do tempo
Que oscila em todos os pontos cardeais
E nos contos frenéticos dos segundos
Há uma atmosfera ainda virgem
Que, sequiosa de tanto beber
Do vinho da indecência clássica,
Contrapõe com lascivas lamentações,
O enredo bipolar das horas atônitas.
Na areia úmida das margens dos riachos
Há cachoeiras que derramam suas águas
Nos porões enciclopédicos do saber,
Então a ciência desprovida de verdades,
Conspira contra a realidade do universo,
Pondo abaixo teorias formuladas de soslaio,
Devassa hipnose de um mundo ascético!
DE Ivan de Oliveira Melo