CONTEMPLATIVO

O precipício chora seus mortos,

O dia usa do canivete para cortas nuvens

Enquanto o povo percebe o coral

Que canta em silêncio

E se observa na cauda dos cometas, o riso...

Há nos confins dos arrabaldes

O canto alucinógeno da plebe.

Já não há canteiros que gritem,

Embora a vida plagie os sonhos

Não sonhados das gaivotas,

Isso diante das procelas que gemem

E sufocam os mares que, constrangidos,

Aprisionam os torvelinhos

Desnudos da madrugada.

Plantas rasteiras são restingas do tempo

Que oscila em todos os pontos cardeais

E nos contos frenéticos dos segundos

Há uma atmosfera ainda virgem

Que, sequiosa de tanto beber

Do vinho da indecência clássica,

Contrapõe com lascivas lamentações,

O enredo bipolar das horas atônitas.

Na areia úmida das margens dos riachos

Há cachoeiras que derramam suas águas

Nos porões enciclopédicos do saber,

Então a ciência desprovida de verdades,

Conspira contra a realidade do universo,

Pondo abaixo teorias formuladas de soslaio,

Devassa hipnose de um mundo ascético!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 31/01/2019
Código do texto: T6563886
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