Infinitamente Solitário
Quando a agulha toca o disco
Quando a ópera começa a ressoar
Estou aberto ao risco
De não querer retornar
De fugir pra sempre de casa
De ser um andarilho errante
De ir fazendo fogo com brasa
De ficar solitariamente distante
Porque minha alma grita
Mas só grita assim, longe de tudo
Porque minha paciência só se irrita
Se irrita em um tédio absoluto
E canto junto à ópera do desespero
E danço sozinho a valsa triste
E caio ao chão extasiado e armeiro
Vendo que tudo o que temo ainda existe
Quero dar o merecido descanso
Aos que ouvem minhas loucuras
Prometo voltar depois, mais manso
Mas feliz até nas minhas escrituras
Mas e se minha dor for infinita?
Ou se eu for apenas muito otário?
Não sei se sou realista
Mas me sinto infinitamente solitário...