ALMAS GÊMEAS
E é no balanço das ondas que me inspiro ...
Olho a tão majestosa, poderosa e ao mesmo tempo tão inocente ...
Espumas brancas de lavadeiras trazem num vai e vem para a beira da encosta ... pisando meigamente a areia ...
Do alto da colina a espera contínua ...
Virá um dia ... pelo ar ... pelo mar ... pela terra ?
A energia do pensamento mesmo distante toca lentamente meus controles mais sensíveis ...
Sinto sua presença ... em algum lugar você esta com certeza ...
E é essa certeza que faz com meus dias como a areia que filtro nas minhas mãos se escoem também ...
A brisa de leve toca-me a face ...
Desperta-me sutilmente para a realidade tão ilusória deste tempo que não tem tempo de esperar ...
No espelho percebo as rugas levemente traçadas nas minhas faces ...
Rugas que vão se acentuando com o passar dos dias ... dos meses ... dos anos ...
Chega a noite ... olho para o céu ...
Da paisagem azulada, esverdeada, esbranquiçada, cheia de luz nada resta ...
Apenas a brisa noturna a me tocar ... e o barulho sem cessar ...
O vento frio noturno ... estremeço ...
Almas gêmeas ... aquelas que talvez mesmo que a alma se toque ... num olhar rápido ... nem se percebam ao se encontrar ...