ENIGMÁTICA CONTRADIÇÃO
Aqui se tem uma vastidão
E uma angústia sem fim
Há tempos de bons momentos
Há outros tempos tão ruins,
Mas as vertigens da vida
Trazem à tona outros enigmas
Que dizem nada ao tudo,
Nesse devaneio
Em que tudo é simplesmente
Um nada fazendo piruetas no ar.
Tem-se o espaço,
Mas ele está vazio.
Quero o teu abraço,
Estou passando frio.
O calor é de arrebentar,
Mas o frio está solto no ar.
Aqui a coisa passa lentamente,
Mas a respostas às coisas são rápidas demais.
A aparência de lentidão
É apenas um truque que a cultura utiliza
Para nos jogar na contramão
E nos levar às alturas
E nos espatifar no chão.
Isso é o retrato mais fiel
Que se possa ver/ter
Da famosa e enigmática contradição,
Assim seguimos rumos
Em qualquer direção.
Araguaína – TO, 2006.