CATIVEIRO
Retornamos novamente à época,
dos nefastos navios negreiros!
Só que agora: brancos e negros,
dividem o hediondo cativeiro!
Aos ventos: clamando e sofrendo,
escravos do nada e do desemprego!
Restos de comida, vão comendo,
só promessas e presente de Grego.
Mãos estendidas e barrigas vazias,
pequeninos, mendigando lá estão,
nos faróis, fazendo malabarismo,
vivem ao relento, jogados nas ruas,
farrapos humanos, pobres criaturas,
sofrendo humilhação e barbarismo,
em seus rostos não há fantasias,
fazem de tudo para ganhar o pão!
Crianças nuas, desnutridas nos colos,
em tetas vazias e urinas nos solos!
Caminham na dor, sem dolo ou culpa,
no sol, no frio, no vento e na chuva!
São brancos, mulatos e são negros,
são seres humanos de todas as cores,
em busca de vida e de esperanças,
são velhos, são jovens, são crianças!
A juventude caminha sem espaços,
diplomas nas mãos e só embaraços,
sonhos arruinados e vidas insanas,
escravos: do vicio e drogas soberanas,
O homem caminha só a céu aberto,
a mercê: da dor, fome e descoberto,
pretendendo apenas: dignidade e paz,
vergonha, desordem e violência se faz.
A terra é fértil, generosa e tão bela,
por que, fome temos que passar nela?
Nunca se viu e se viveu tanto horror,
são tumultuados estes dias de pavor!
Senhor, para alguns tudo é tão pouco
e para outros o pouco é tanto é muito!
A classe média, está cada vez mais pobre,
e a pobre de miséria, agora se cobre!
Senhor Deus, do sol, lua, das trevas,
dos rios, mares e das lindas florestas,
somos cativos, do desespero e medo,
vendo nossos irmãos morrendo cedo!
Senhor Deus, de tudo e todos os seres,
elimine esse cancro e as nossas dores,
coloque à miséria: um ponto final,
ou nos dê o caminho com o seu sinal!
Devolva-nos Senhor! Nossa dignidade,
o pão nosso e a famigerada igualdade,
amenize esta cruz do ano inteiro
e livrai-nos do maldito CATIVEIRO...