O que acontece
Por traz das cortinas
Resquício de pouca luz
Penumbra salienta imenso vazio
Quase já não se sente
Nem por laços descontentes
O ritmo segue por horas intermináveis
Copiando as ondas do mar
Contudo, de azul não há nada
Tudo branco, nem vento encosta
É raro, é incomum, é vago
Algumas palavras fora de ordem
Nem se quer traduzem o que sente
Apenas um ritmo sem ritmo
Não há rimas, não se precisam delas
O amanhecer apenas clareia
Ao contraio do anoitecer que escurece
Segue-se assim
Não há opções e não há convicções
Sonhos morrem paulatinamente
É possível viver ao fechar os olhos
É possível sofrer ao abri-los
A crueldade é insana
A bondade é extinta
Lentamente a estrada fecha
Não se vê saída
Esconde-se pelo véu
Enfeitando a alma
Que não quer ser vista,
Lastimas só o restante
A luz pode estar lá
Mesmo que não se veja
A dor é passageira
As cicatrizes são sinais
De que houve uma vida.