O que acontece

Por traz das cortinas

Resquício de pouca luz

Penumbra salienta imenso vazio

Quase já não se sente

Nem por laços descontentes

O ritmo segue por horas intermináveis

Copiando as ondas do mar

Contudo, de azul não há nada

Tudo branco, nem vento encosta

É raro, é incomum, é vago

Algumas palavras fora de ordem

Nem se quer traduzem o que sente

Apenas um ritmo sem ritmo

Não há rimas, não se precisam delas

O amanhecer apenas clareia

Ao contraio do anoitecer que escurece

Segue-se assim

Não há opções e não há convicções

Sonhos morrem paulatinamente

É possível viver ao fechar os olhos

É possível sofrer ao abri-los

A crueldade é insana

A bondade é extinta

Lentamente a estrada fecha

Não se vê saída

Esconde-se pelo véu

Enfeitando a alma

Que não quer ser vista,

Lastimas só o restante

A luz pode estar lá

Mesmo que não se veja

A dor é passageira

As cicatrizes são sinais

De que houve uma vida.

SILVIA F SOUSA
Enviado por SILVIA F SOUSA em 05/01/2019
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