UM RIO QUE JÁ FOI DOCE.

De Mariana até Regência, o rastro final da imprudência,

boca do mar, triste história de contar, de um pescador entre tantos,

de um velho rio à sangrar.

Tinha lambari, tríra, surubim e dourado, todos, pela lama levados, num recente passado.

As cantadeiras lavadeiras de sua margem, hora desafinam, entre preces e lágrimas, suas dores confinam.

Assim vai o rio no seu triste remanso, como o enfermo ao infinito descanso, até o mar, d'onde as aves já não cantam, a não ser para chorar.

Choram também a Maria e o João desolados com a plantação, ali nada mais nasce a não ser consternação.

O silencio agonizante do guerreiro deixa gritar a indignação, é muita covardia para quem só ofereceu o perdão.

Águas límpidas que dele roubadas, dano cruel, angústia represada.

O gosto amargo do minério po décadas vai perdurar, mas um dia a cura há de vir,

porque o que Deus nos deu de graça, a ganância do homem não pode destruir,

cestas básicas e esmolas não corrompem o doce prazer de tudo existir.

Itafernandes
Enviado por Itafernandes em 04/01/2019
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