HISTÓRIA DE UMA SENSIBILIDADE
I. POTÊNCIA
Horizonte novo se abre,
Posso ser apenas um coitado
Disposto a atirar-me ao sabre;
Posso ser desfiladeiro,
Donde tudo pode ser contemplado,
De alvo enegreço-me a arqueiro.
Autopiedade
Não deixa saudade,
Grassa amor à potência:
Grande, por essência.
II. SOB PRESSÃO
Pus a minha compreensão
Numa panela de pressão:
Ali cerceiam-se autofágicas
Todas dores, como mágica-
Ao fim estavam cozinhados
Nossos céus, prazeres, passados...
III. DIAS SENZALADOS
Nem sempre tudo parece bonito.
Dias há senzalados
Sob a sombra de pirâmides do Egito,
Dias acinzentados,
Sem o zen, acintados;
Sem o cin, atados;
Por isso, datados...
Data, dados, ata dos dados
Jogados ou ofertados,
Dias nos quais só importam os lados,
Dias doentes, sem frentes,
Dias colateralmente ladeados
Para que sejamos descrentes
Do quanto possamos ser roubados.